Qual é a coisa qual é ela que nasceu no boom do pós-punk, embora não fizesse bem rock? Que chegou a abarcar bateristas e violinistas, mas que nos cativou pelo desolado choro de uma simples guitarra? Que nunca passou de um fenómeno de culto, embora apaixonasse salas no Japão ou em Portugal?
Texto de José Miguel Lopes
Se a vossa resposta foi The Durutti Column, então é bom saber que o ‘segredo’ se tem vindo a proliferar. Ainda assim, nunca é demais passar umas boas linhas a lembrar um nome ainda pouco mencionado, mesmo nas publicações que se dedicam à música independente. E como poderíamos explicar este grupo inglês, que chegou a ser contemporâneo de nomes como Joy Division e A Certain Ratio, mas que nunca obteve o amplo consenso que gente alternativa como Cocteau Twins, The Smiths ou Talk Talk (na fase mais experimental) haveriam de alcançar?
Ouvir um homem franzino tocar instrumentais numa guitarra (ainda por cima, sem palheta nem distorção) talvez fosse demasiado para quem andava à procura de refrões capazes de definir uma geração. Mas a arte dos Durutti Column – demasiado letárgica para ser jazz, demasiado instrumental para ser pop, demasiado intensa para ser ambiente e demasiado aventureira para ser rock – é daquelas que se presta bem aos labores da contemplação e da imersão. Tal como um bom livro, ou uma bucólica paisagem, é um prazer com mais de solitário do que de comunal.
Ouvir um homem franzino tocar instrumentais numa guitarra (ainda por cima, sem palheta nem distorção) talvez fosse demasiado para quem andava à procura de refrões capazes de definir uma geração. Mas a arte dos Durutti Column – demasiado letárgica para ser jazz, demasiado instrumental para ser pop, demasiado intensa para ser ambiente e demasiado aventureira para ser rock – é daquelas que se presta bem aos labores da contemplação e da imersão. Tal como um bom livro, ou uma bucólica paisagem, é um prazer com mais de solitário do que de comunal.