Eraldo Bernocchi, o guitarrista que fundou o grupo Sigillum S e a editora RareNoiseRecords, também colaborou com Harold Budd e Robin Gutherie. Mas hoje queremos prender-vos com um fogo recente que ele lançou e se derrete nos nossos ouvidos. Encontrámo-lo na banda-sonora para o filme Cy Dear, sobre a vida e obra do artista plástico Cy Twombly. Like A Fire That Consumes All Before It é um disco consumado e a não perder de vista. Mesmo que seja só com os ouvidos. Texto de Luís Freixo
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Compositor, músico e produtor, deixou-nos imensos álbuns, duma música criativa e transversal, que tocava e beijava o clássico, o eletrónico, o ambiental, a pop e a world music. Uma música com uma raça única e bem definida: a humana!
Texto e entrevista de Luís Freixo e Gonçalo Calheiros
Doente desde o início do ano, Hector Zazou morreu a 8 de setembro de 2008. Tinha 60 anos apenas. Nesse mesmo ano viu ainda sair mais dois novos álbuns com o seu nome, a juntar a uma extraordinária e imensa discografia: primeiro saiu o eclético Corps Électriques (em parceria com Katie Jane Garside, Bill Rieflin, Lone Kent e Nils Petter Molvær) e, depois, In The House Of Mirrors (com o quarteto indo-usbequistanês Swara). Um par de anos depois, em 2010, foi publicado o álbum original, mas póstumo, Oriental Night Fever (um reinterpretação orientalizada de êxitos da pop music dos anos 70 e 80, gravado na companhia da cantora e do instrumentista italianos Barbara Eramo e Stefano Saletti). Já em 2012 surge também The Arch, com o quarteto vocal feminino búlgaro Eva Quartet, agregando ainda muitas participações que se poderiam dizer ser de luxo, como as de Djivan Gasparyan, Bill Frisell, Robert Fripp, Ryuichi Sakamoto ou Laurie Anderson.
Esta é a segunda e última parte da entrevista que recuperámos do folheto MINIMAL, editado pela audEo em 1994, quando Hector Zazou se apresentou ao vivo em Portugal. No seguimento da primeira parte, aqui publicada, assim prosseguimos esta conversa que terminou sem nunca ter terminado. É que com ele todos os diálogos subsistem, para além do tempo e do lugar.
Pierre Job nasceu em 1948, na Argélia. Na metrópole adotou o nome de Hector Zazou e fez-se músico e produtor, trazendo uma nova abordagem à música, como se não houvesse fronteiras. De África à Europa, passando pelos territórios árticos e pela Ásia, o planeta mudou com as suas mestiçagens das músicas do mundo.
Texto e entrevista de Luís Freixo e Gonçalo Calheiros
Nas primeiras gravações em disco, na segunda metade dos anos 70, o grupo de Hector Zazou misturava canto e narrativa em várias línguas com sonoridades subtis ao estilo impressionista de Erik Satie; depois, nos anos 80, foi a vez de ele dar atenção às explorações geográficas com inusitadas abordagens neoclássicas ou ambientais e, sobretudo, fazendo fusão de música tradicional africana com música eletrónica europeia; já a partir dos anos 90, ofereceu-nos múltiplos tesouros musicais como a sua esmerada reinterpretação das populares polifonias corsas, ou a elaborada leitura e ornamentação dos textos literários de Arthur Rimbaud; depois, nos anos que se seguiram, apresentou-nos mais e mais colaborações e regressos às músicas populares urbanas e não urbanas, deste mundo vivo que não era só seu e que deixou, em 2008, aos 60 anos de idade.
Em 1994 tinha estado em Portugal, onde atuou. Nessa altura falámos com ele, numa entrevista para o folheto MINIMAL, editado pela audEo. Agora que a editora belga Crammed Discs decidiu lançar pela primeira vez em CD o seu disco de 1985 com Bony Bikaye, Mr. Manager, decidimos recuperar essa conversa de há um quarto de século, que não perdeu qualquer interesse. |
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